quinta-feira, 29 de abril de 2010

DE NOVO: PEDOFILIA E CELIBATO

Já havíamos postado nossa posição diante do tema CELIBATO E PEDOFILIA, quando tivemos conhecimento do que Frei Aloísio Fragoso, OFM, havia publicado na Imprensa do Recife sobre o mesmop assunto.. Também só hoje pudemos ler a vagar o artigo do nosso Arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido sobre "Aborto e Pedofilia", publicado no "Jornal do Commercio", em sua edição de 18.04.2010.
Permita-me o confrade Frei Aloísio Fragoso, transcrever nesta postagem o seu artigo publicado no Jornal do Commercio do Recife em 28/03/2010, e amplamente divulgado pela Internet. Os destaques vão por nossa conta:
FREI ALOÍSIO FRAGOSO, O F M

AUTOR DO ARTIGO:
"ESCÂNDALO NA IGREJA "

O noticiário sobre escândalos na Igreja Católica volta a ocupar espaços da mídia, polêmico, repetitivo, devastador. Afora alguns poucos casos, não se trata de uma sucessão de novos delitos; trata-se, antes, de uma espécie de devassa de arquivos: fatos de 10, 20, 30, 60 anos atrás, redivivos, requentados, como se fossem da véspera, confirmando uma das mais velhas lições da História: “nada há de encoberto que não venha ser revelado” (MT. 10,26).
A Igreja Católica não faz exceção a uma péssima estratégia de grandes Instituições, a saber, arquivar graves pecados internos com o fim de evitar turbulências em sua imagem pública. Esforço inútil. Passam-se anos, séculos, milênios, algum dia a mão implacável da Justiça desenterra as vítimas e abre o seu clamor.
Ditas estas coisas, há outras também a serem levadas em conta. Uma delas é a manipulação dos números.eja-se o exemplo mais recente da Irlanda: 15.000 casos de pedofilia. Eis aí um número de arrepiar a consciência coletiva e desmoralizar qualquer instituição religiosa. Contudo a mídia passa ao largo de outros dados. Trata-se de fatos acontecidos ao longo de 60 anos, em centenas de instituições de todo um país.
Ao concluir-se o quadro estatístico geral, chegamos a números bem menos estarrecedores. Isso não vale como desculpa, pois a nossa indignação se fundamenta em razões de consciência, independente da quantidade de delitos. No entanto, há segundas intenções na manipulação dos números.
Toda Instituição religiosa, mesmo reconhecendo os seus próprios pecados, não pode recusar sua função de consciência moral da coletividade. Isso incomoda a um modelo de Economia e Sociedade que não admite limites morais para sua cupidez de lucro. Parte da mídia concentra-se na morbidez dos assuntos sexuais e cala-se frente aos desmandos de uma política econômica geradora da exclusão e da fome de milhões, em países mais pobres. Afinal, a vida de crianças inocentes exterminadas na guerra do Afeganistão e do Iraque também interpela a consciência humana, assim como as vítimas da pedofilia.
Que pese sobre os responsáveis pela Igreja Católica o dever de punir com o rigor da Justiça os seus ministros hierárquicos que atentaram contra crianças e adolescentes. Que a vergonha daí decorrente seja também sua penitência, enquanto o exigir a defesa das vítimas. Mas que não se generalize, transferindo-se a abjeção moral de crimes de pedofilia para a imagem de toda a Instituição. Nem se vincule a pedofilia ao celibato, pondo em cheque o sacerdócio católico, como se ele mesmo fosse gerador de pedófilos.
A verdade é outra: são pedófilos que buscam abrigo ou esconderijo numa tradicional instituição religiosa. O erro grave de alguns bispos foi não ter sabido lidar com tais fatos. Segundo a conceituada revista alemã “Herald Korrespondenz”, de março deste ano, 90% dos casos de pedofilia no mundo acontecem dentro das famílias, envolvendo parentes.
No meio do clero, 4% são acusados de envolvimento em tais crimes, segundo a mesma revista. Os outros 96% constituem uma proporção suficiente para refazer a credibilidade da Instituição, desde que ela se penitencie, aperfeiçoe seus métodos de seleção de candidatos ao clero e aprenda as lições que a História, mestra da vida, não cessa de proporcionar.
Frei Aloísio Fragoso, frade franciscano (ofm)
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