terça-feira, 25 de maio de 2010

GUERRA HOLANDESA - MÁRTIRES DO RGN


AS VÍTIMAS DE CUNHAÚ E URUAÇU

Antes de voltarmos aos Mártires da Guerra Holandesa em Pernambuco, recordemos as vítimas do Rio Grande do Norte, beatificadas belo Papa João Paulo II, no dia 5 de março de 2000, em cerimônia por ele presidida na Praça de São Pedro, em Roma.
" As Beatificações e Canonizações. - declara Dom Eugênio Sales na Voz do Pastor de 04-12-1998 - assumem, em nossa época, um lugar especial na evangelização. Mais do que a exaltação de quem serviu com heroísmo, elas demonstram ao mundo que o ensinamento da Igreja é viável, compensador. Exortam a vivê-lo e a defendê-lo com coragem." E a 17-12-1999: "O martírio é de grande importância na Igreja. Ele apresenta ao mundo alguém que testemunha a Fé católica, com a imolação da própria vida. . [...] No próximo dia 5 de março [de 2000], na Praça de São Pedro, em Roma, serão oficialmente reconhecidos como mártires um grupo de brasileiros massacrados no Rio Grande do Norte, em 16 de julho e 3 de outubro de 1645. A Arquidiocese do Rio de Janeiro far-se-á presente pelo seu Pastor e duas peregrinações: a oficial e a das religiosas. [...] Em 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o Decreto reconhecendo o martírio dos que puderam ser identificados entre os cruelmente assassinados em Cunhaú, sacrificados na Matriz de Nossa Senhora das Candeias, a 70 Km de Natal; e em Uruaçu, nas imediações do Porto do Flamengo, distante 50 Km do Forte dos Reis Magos, também em Natal; dois sacerdotes e vinte e oito leigos - casais, crianças, jovens, adultos.
Às vésperas do Grande Jubileu do Nascimento de Jesus e dos 500 anos da Descoberta do Brasil, se insere essa extraordinária solenidade da beatificação dos primeiros mártires brasileiros. O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos , Dom José Saraiva Martins, chamou-os de Protomártires do Brasil. Será a 5 de março, na Praça de São Pedro, em Roma. "
A 11-12-1998, no mesmo pragrama A Voz do Pastor: "Em Natal, por ocasião do XII Congresso Eucarístico Nacional, o Papa João Paulo II, na homilia de Encerramento, a 13 de outubro de 1991 assim se expressou sobre Matias Moreira: "Quando insultado e ferido pelos hereges por sua recusa a renegar a fé na Eucaristia e fidelidade à Igreja do Papa, exclama enquanto lhe abriam o peito para lhe arrancar o coração "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".
E a 17-12-1999:
O processo diocesano teve início a 7 de maio de 1989 (Ascensão do Senhor), por Decreto do então Arcebispo, Dom Alair Vilar Fernandes de Melo e o "Nihil obstat" da Santa Sé foi outorgado a 16 de junho do mesmo ano. A última etapa da investigação em nível local foi a instauração, pelo novo Arcebispo, Dom ?Heitor de Araujo Sales, do Tribunal Arquidiocesano para a Causa dos Mártires. O processo diocesano foi concluído a 31 de maio de 1994 e a 14 de junho do mesmo ano, foi feita a entrega da documentação à Congregação das Causas dos Santos.
Em 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o Decreto reconhecendo o martírio dos que puderam ser identificados entre os cruelmente assassinados em Cunhaú, sacrificados na Matriz de Nossa Senhora das Candeias, a 70 Km de Natal; e em Uruaçu, nas imediações do Porto do Flamengo, distante 50 Km do Forte dos Reis Magos, também em Natal; dois sacerdotes e vinte e oito leigos - casais, crianças, jovens, adultos. No próximo dia 5 de março, na Praça de São `Pedro, em Roma, serão oficialmente reconhecidos como mártires um grupo de brasileiros massacrados no Rio Grande do Norte, em 16 de julho e 3 de outubro de 1645. A Arquidiocese do Rio de Janeiro far-se-á presente pelo seu Pastor e duas peregrinações: a oficial e a das religiosas"
Os nomes das vítimas de Cunhaú e Uruaçu constam de várias crônicas portuguesas do século XVII sobre a guerra contra os holandeses em Pernambuco. As três principais, nas quais o monsenhor Francisco de Assis Pereira baseou-se para elaborar a lista dos 30 mártires propostos para a beatificação, são as crônicas de Frei Manuel Calado do Salvador (in O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade, de 1648), Diogo Lopes Santiago (in História da Guerra de Pernambuco) e Frei Rafael de Jesus (in Castrioto Lusitano, de 1679).
Relação completa dos mártires
Mortos em Cunháu:- Padre André de Soveral- Domingos de Carvalho
Mortos em Uruaçu:
- Padre Ambrósio Francisco Ferro- Antônio Vilela, o Moço- José do Porto- Francisco de Bastos- Diogo Pereira- João Lostau Navarro- Antônio Vilela Cid- Estêvão Machado de Miranda- Vicente de Souza Pereira- Francisco Mendes Pereira- João da Silveira- Simão Correia- Antônio Barracho- Mateus Moreira
- João Martins- Uma filha deManuel Rodrigues de Moura- A esposa de Manuel Rodrigues de Moura -Antônio Vilela, o Moço - Uma filha de Francisco Dias, o Moço- Primeiro Jovem companheiro de João Martins- Segundo Jovem companheiro de João Martins- Terceiro Jovem companheiro de João Martins- Quarto Jovem companheiro de João Martins- Quinto Jovem companheiro de João Martins- Sexto Jovem companheiro de João Martins- Sétimo Jovem commpanheiro de João Martins- Primeira filha de Estêvão Macado de Miranda- Segunda filha de Estêvão Machado de Miranda
Jacob Rabbí teve carreira marcada pela crueldade
Na repressão desencadeada pelos holandeses na capitania do Rio Grande, após o início do levante em Pernambuco, o alvo mais frequente foi a população civil. Os agentes mais atuentes dessa repressão foram os índios - tapuias e potiguares - e o alemão Jacob Rabbí.
A figura de Jacob Rabbi inspirou diversas versões entre os cronistas e historiadores, a maioria delas demoníacas. Natural do condado de condado de Waldeck, emigrou para a Holanda e foi contratado pela Companhia das Índias Ocidentais. Os historiadores o consideravam judeu, mas essa é uma versão que vem sendo discutida e alguns autores já descartam essa possibilidade.
Rabbi chegou ao Brasil junto com o conde João Maurício de Nassau-Siegen, em 23 de janeiro de 1637, desembarcnado no Recife. Em território brasileiro, a missão do alemão era de intérprete junto aos indios aliados, no meio dos quais passou a viver, adotando alguns dos seus costumes. Casou com uma índica janduí, Domingas, e mostrou-se um observador culto. Seus estudos etnográfico sobre os índios não eram destituídos de valor e foi citado por autores posteriores, apesar dos manuscritos terem se perdido. Sintetizou suas informações sobre a vida indígena na obra " De Tapuryarum moribus et consuetubinibus, e Relatione Iacobbi Rabbi, Qui aliquot annos inter illos vixit".
No comando das tropas de janduís e potiguares, além de aventureiros que viam na guerra uma oportunidade de enriquecimento, Rabbí foi responsável por massacres e saques a engenhos entre nas capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco. Entre o massacre de Cunhaú, em 16 de julho de 1645, e o de Uruaçu, em 3 de outubro do mesmo ano, o aventureiro desceu em direção a Goiana (Pernambuco), saqueando tudo pelo caminho. Em meados de agosto, as margens do rio Goiana, foi detido e rechaçado por tropas luso-brasileiras, tomando então a decisão de voltar ao Rio Grande, onde atacou, em setembro, a paliçada do Potengi.
Por conta da morte de João Lostau Navarro, em Uruaçu, Rabbi foi morto em emboscada na noite de 4 de abril de 1646 – menos de um ano depois do massacre - quando sai de um jantar na casa de um certo Dirck Maeller, as margens do Potengi. As investigações apontaram como mandante do crime o tenente-coronel Joris Garstman, genro de João Lostau. Garstman chegou a ser punido e enviado de volta à Holanda, mas acabou anistiado e voltou ao Brasil, permancendo até 1654.

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